sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Japão: Programa ISO 14000 para crianças

Este site apresenta uma proposta interessante de abordagem da gestão ambiental a partir da escola. A metodologia é baseada na série de normas ISO 14000. O site está em inglês, mas vale o esforço. Pode gerar idéias para adaptação ao contexto da sua escola.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Pesquisa Ação

As pesquisas realizadas buscaram 1) identificar tendências quanto a percepção de professores, gestores e funcionários  no que se refere a necessidade de repensar o papel da escola frente as questões socioambientais contemporâneas e implementar ações mais efetivas, 2) realizar uma análise quantitativa e qualitativa inicial da atuação socioambiental das escolas participantes do programa, 3) propor e testar uma metodologia de intervenção na escola, 4) identificar características e tendências  dos processos de criação,  compartilhamento e institucionalização do conhecimento socioambiental na escola, 5) pesquisar ferramentas virtuais, semi-virtuais e não virtuais que possam facilitar a construção e implementação de políticas socioambientais na escola, 6) reunir e sintetizar um arcabouço teórico e prático para apoio à gestão socioambiental em escolas. 

A pesquisa identificou tendências, oportunidades e obstáculos na construção de ações socioambientais na escola. Resumidamente, destacamos que 1) foi identificada boa receptividade de professores, gestores e funcionários para refletir, identificar e solucionar questões socioambientais  a partir da escola. 2) De forma geral, as escolas já trabalham as questões socioambientais no seu cotidiano, normalmente representadas por ações especificas de um pequeno grupo de professores, ou a partir do conteúdo da disciplina. 3) Estas ações, na sua grande maioria carecem de maior transversalidade, interdisciplinaridade e sustentabilidade. 4) O Projeto Político Pedagógico não está presente de forma efetiva no cotidiano escolar. 5) O monitoramento, com vistas a efetiva implantação de ações e atividades planejadas representa um dos principais obstáculos nas escolas. 6) Embora existam muitas informações disponíveis (internet, jornais, mídia em geral) sobre a temática socioambiental, não foram identificados canais onde gestores e professores possam acessar informação sistematizada e organizada  para uso individual, pelo grupo e institucionalmente.7) De forma geral, as escolas enfrentam  problemas com a grande rotatividade de professores contratados (ACT), e carecem de ferramentas para garantir a continuidade do trabalho. 8) Professores e gestores identificam a necessidade de maior apoio na realização de ações socioambientais na escola. 9)Aspectos burocráticos operacionais e eventualidades operacionais sobrecarregam os gestores em grande parte do tempo.    

Estes são alguns dos indicativos da pesquisa realizada até aqui, que possibilitaram mais do que apontamentos, indicam para a construção de um sistema de conhecimento de apoio a implantação do Projeto Político Pedagógico com foco socioambiental.  

Resumo da caminhada durante 2010

Durante 2010, foram realizadas as etapas coletivas do programa, estruturadas da seguinte forma:

1ª Etapa – Bases do Programa
Nesta fase buscou-se a definição de princípios e acordos para o trabalho e ressaltar o papel da gestão na criação de uma cultura organizacional socioambientalmente crítica e intervencionista. Para isto, foram planejadas atividades que trabalham os seguintes conceitos:

v  Crise socioambiental contemporânea. Qual minha responsabilidade na sua construção e intervenção?
v  Educação Ambiental - Posicionamento político pessoal e organizacional.
v  Interdisciplinaridade e transversalidade. A construção coletiva de objetivos e caminhos a serem percorridos.
v  Gestão escolar. 
v  Gestão do conhecimento e a escola. Identificando e otimizando o conhecimento.
v  Papel do indivíduo e do grupo na criação do conhecimento.

Foi realizada uma atividade em cada escola visando esta sensibilização inicial. Estas atividades tiveram caráter expositivo. Foram reunidos materiais (apresentação, vídeos, dados quantitativos e qualitativos, questionamentos) que demonstrassem a necessidade de repensar a crise socioambiental contemporânea, suas causas e conseqüências, nossa responsabilidade e poder de reprodução ou transformação, e o papel da escola frente a formação de cidadãos conscientes e aptos a construção de alternativas sustentáveis.
Mesmo com caráter predominantemente expositivo, foram oportunizados momentos para que os participantes refletissem e expressassem sua percepção individual quanto às níveis (individual, institucional, local, nacional, global) e dimensões (cultura, valores, hábitos, pensar) da crise.


Embora os grupos não tenham produzido nenhum material (individual ou coletivo) específico, de forma geral podemos ressaltar que os grupos, respeitada as diferenças individuais e entre escolas, percebem claramente a existência de uma crise socioambiental e a necessidade de uma atuação mais efetiva da escola.

Os grupos demonstraram receptividade aos conceitos e perspectivas apresentadas, mas foram ressaltados problemas relacionados a obstáculos (escassez de recursos, crise educacional nacional, desmotivação profissional, falta de comprometimento, etc.) na implementação de mudanças.

2ª Etapa
Na segunda fase o trabalho foi todo participativo e dedicou-se a aquisição de dados e sistematização de informações sobre a escola e seu contexto socioambiental. Conforme descrito no esquema abaixo nesta etapa buscou-se construir um levantamento inicial sobre os temas relacionados a temática socioambiental nas escolas. 


O objetivo desta etapa não foi elaborar um diagnóstico de cada escola, mas sim identificar como cada escola trabalha com esses temas, qual o caráter  de interdisciplinaridade, transversalidade e sustentabilidade das ações, assim como dados sobre a utilização e apropriação do projeto político pedagógico de cada escola. 
As análises destas atividades evidenciam problemas estruturais das escolas. Obstáculos relacionados a infra estrutura precária, poucas ações interdisciplinares e institucionais, falta de apoio técnico e financeiro, grande rotatividade de professores com carga horária semanal em outras escolas, pouca representatividade da comunidade e de instâncias participativas como grêmio escolar, APP e conselho deliberativo na gestão escolar, pouca participação em ações coletivas da escola, entre outras carências.      



3ª Etapa – Política Ambiental


A terceira etapa buscou através do uso da metodologia da “oficina do futuro” estabelecer os parâmetros para uma futura Política Ambiental das unidades escolares. O Programa de Gestão Ambiental na Escola objetiva incorporar uma política ambiental ao projeto político pedagógico da escola. Entretanto, em nenhuma das escolas participantes do projeto foi verificado possibilidade imediata de realizar esta inserção. Isto se deve a pouca representatividade do PPP no cotidiano da escola.
Desta forma, mais do que a realização desta inserção, objetiva-se contribuir com o processo de definição e implementação de políticas institucionais. Não basta redigirmos políticas, normas e diretrizes, é preciso implementá-las e monitorá-las.
Neste sentido, visando cumprir a meta de inserir uma política ambiental nas escolas, e identificando que esta não é uma necessidade apenas das quatro escolas participantes do programa, as atividades e pesquisas direcionaram para duas estratégias. 1) A continuidade das ações nas escolas e 2) a construção de um sistema de conhecimento de apoio ao estabelecimento e avaliação de políticas e ações socioambientais na escola. Ou seja, um conjunto de procedimentos, processos e ferramentas que auxiliem a comunidades escolares a  implementar políticas institucionais de forma autônoma e coletivamente.

4ª etapa – Planejamento estratégico
Definido o escopo do trabalho através da oficina do futuro e as demandas por meio do diagnóstico é hora de elencar prioridades e traçar estratégias. 

O Planejamento Estratégico foi direcionado pelas seguintes perguntas:

v  Quais as demandas?
v  Em quais podemos atuar?
v  Quais as prioridades?
v  Por quê?
v  Para que?
v  Quais as possibilidades e limitações?
v  Como vamos agir?
v  Quem serão os responsáveis?
v  Qual o cronograma?
v  Quanto vai custar?

Estas atividades tiveram caráter participativo. Foram reunidos materiais produzidos durante as outras atividades realizadas na escola e o grupo teve oportunidade de visualizar demandas e definir prioridades para a continuidade da proposta.
Foram definidas como prioridades nas escolas a gestão de resíduos na escola, a integração entre a escola e a comunidade e a necessidade de utilização dos espaços da escola para construção de uma horta e paisagismo pedagógico.
Após a definição das prioridades o grupo teve a oportunidade de reunir-se em pequenos grupos e debater e definir estratégias de implementação das ações definidas. Cada ação contou com um plano elaborado por um pequeno grupo e posteriormente debatido em plenária. A necessidade de ações interdisciplinares, transversais e sustentáveis foi ressaltada ao longo de todo o trabalho.

5ª etapa – Ação e Avaliação  

Nas escolas, mais do que implementar uma ação determinada, o trabalho visa pesquisar e contribuir com gestores e professores na identificação de potencialidades e carências de políticas e ações socioambientais nas escolas. Desta forma, os obstáculos enfrentados foram de extrema importância para o entendimento de tendências e para a formulação de estratégias de apoio a escolas.     
No período de 2010 foram realizadas 15 atividades coletivas  envolvendo professores e gestores das escolas. Em todas as escolas o cronograma foi atrasado em função de eventualidades institucionais internas, sobrecarga habitual de trabalho ou atraso na liberação dos recursos. Duas das escolas completaram todas atividades previstas no cronograma enquanto, as outras duas não foram realizadas todas as atividades.

Levantamento Inicial

Concomitantemente à amostragem teórica, também foram recolhidos dados sobre o consumo e monitoramento de água e energia elétrica e gestão de resíduos nas escolas. Tais informações, pretendem identificar características, similaridades e diferenças no uso destes recursos pelas escolas. E por outro lado verificar a relação entre teoria e prática, ou seja, como a escola incorpora institucionalmente no seu cotidiano educação e gestão ambiental.

Quanto a gestão de  água e energia, os  dados demonstraram grande discrepância entre o uso destes recursos nas escolas. Devido à diferença no número de alunos entre as escolas participantes, os dados não podem ser analisados em termos do consumo absoluto. Desta forma, foram sistematizados em relação ao consumo por aluno, possibilitando um comparativo entre escolas de portes diferentes.

O gráfico (1) apresentado abaixo apresenta a média de consumo por aluno em cada escola do período de vinte e um meses e o gráfico (2) apresenta o consumo mensal por aluno em um período de  21 meses ( de 01/2008 à 09/2009).  Com os dados obtidos não é possível concluir se as escolas têm um ritmo de consumo elevado ou reduzido, mas pode-se verificar que existe grande diferença no ritmo de consumo e pouco controle.  

Gráficos


É importante ressaltar que, para obtenção desses dados, inicialmente foram contatadas as próprias escolas, entretanto, as mesmas não recebem e não tem controle das contas. Posteriormente a Secretaria de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis, também sem sucesso. Na Gerência de Educação da Grande Florianópolis, obtivemos as matrículas das unidades consumidoras de água e luz, sendo que os dados de consumo encontravam-se defasados e aparentemente, sem um controle por parte destes órgãos. Para obtenção dos dados apresentados, os mesmos foram obtidos junto às concessionária de água e energia responsáveis pelo seu fornecimento.

Estas informações não permitem a conclusão efetiva das causas de uma possível falta de controle no uso de recursos, mas os mesmos apresentam indicativos quanto à necessidade de monitoramento a partir da identificação de métodos e responsáveis pela sua realização.

A gestão de resíduos também é um problema nas escolas pesquisadas. Embora uma das escolas tenha um trabalho mais efetivo na gestão de seus resíduos as escolas realizam este trabalho e não a utilizam eficientemente como ferramenta pedagógica. Em 75% das escolas pesquisadas a sujeira na escola representava um dos principais problemas identificados por professores e funcionários.  

A Entrada em Campo

A entrada no campo de pesquisa se deu entre os meses de agosto e novembro de 2009. Após a seleção das quatro escolas foi realizado contato telefônico com os diretores das escolas participantes do evento inicial notificando as escolas escolhidas.  Neste momento ficou estabelecido que nossa primeiro contato nas escolas se daria através de visitas não agendadas nas quais a equipe conversou informalmente professores, gestores e funcionários das escolas  e aplicou mais de 40 questionários objetivando colher dados iniciais sobre a percepção de educação ambiental de professores, funcionários e gestores, a forma como é trabalhada em sala de aula, a receptividade à construção de uma política ambiental e de um sistema de gestão ambiental na escola, os principais temas identificados como necessidades da escola e as pessoas que se destacam como referência no trabalho socioambiental da escola.
Os dados evidenciaram que a questão socioambiental normalmente é identificada como responsabilidades de professores de biologia, ciências, geografia ou áreas afins, que a temática é trabalhada principalmente nas interfaces com o currículo e conteúdo de cada disciplina, indicativos de pouca transversalidade e interdisciplinaridade do tema. Por outro lado identificou que os professores tem grande percepção da necessidade de ações socioambientais mais efetivas, mas o cotidiano sobrecarregado não favorece o sucesso destas ações, o assunto gera interesse e debates e todas as escolas realizam algum tipo de ação socioambiental.